sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Olhar


Olhou-a nos olhos. Como, como poderiam ser ditas tantas coisas em apenas um olhar? Por alguns segundos a sua atenção foi voltada para aqueles olhos. Olhos castanhos, escuros, penetrantes. Sentiu ter todas as respostas só de encontrá-lo com os seus. Jamais poderia descrever aquele sentimento, aquela doçura, aquele amor. Olhos tão densos, hipnotizantes. Ele estava perdido, perdido nos cantos daquele olhar, que puxava-o cada vez mais para o fundo.
E ele sequer lutava.
Perdido, naquela imensidão castanha. Perdido e sem querer achar a saída. Ficou ali, encolheu-se, adotou o olhar como um feto adota o útero.
Mas era preciso acordar.
Ele realmente não queria. Gostaria de ficar ali, gostava da sensação.
Era preciso acordar.
E enfim, ele acordou. Suado, trêmulo. Olhou para o lado, acalmou-se. A dona do olhar estava ali, ao lado dele. Seus belos e castanhos olhos estavam fechados e ela respirava lentamente. Sorriu consigo e abraçou-a.
Viver era bom naqueles dias.

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