Acho que ficou óbvio o motivo deste post. Mais um ano e mais um blog que abandono. Sou assim, uma andarilha virtual, preciso sair por aí distribuindo minhas palavras, recontando minhas histórias, dividindo meus sentimentos. O engraçado é que dividir sentimentos não é muito lá meu forte apesar de eu fazê-lo constantemente. A verdade é que eu não sou apenas uma, sou várias. Sou deprimida, mas conhecida como a pessoa mais engraçada com quem você poderia conversar. 'São as coisas de Deus', diriam minha mãe, minha tia e minha avó. Não sou lá muito crente em Deus, pelo menos no católico, passei muito mal na minha primeira eucaristia e considerei isso um sinal. Acredito nas coisas pela metade pois só assim consigo aceitá-las. Hoje, hoje para mim é um marco, uma nova conquista, algo que eu nunca pensei em começar a fazer não fosse o apoio daquelas mãozinhas juntas de um post distante. Mas, comecemos antes com uma história.
Eu gosto de andar de ônibus, sei que para muitos representa a maior chatice mas para mim não, significa liberdade. Liberdade de ir e vir por uma cidade em que é a minha mas é pouco explorada por mim. Liberdade para fazer as coisas que quero no horário que quero. Não preciso depender de alguém a não ser do motorista. Gosto de sentar em um banco próximo a janela e observar a cidade, gosto principalmente das praças. Tão cheias de árvores e calmas, tão belas. Mas hoje o que me levou ao meu destino, meu separador de águas, foi o carro do meu pai. Cheguei lá. Uma construção bem bonita, um tom de azul pálido e uma arquitetura antiga, aconchegante. Sentei-me em uma das cadeiras, dei meus documentos. Por um instante meu destino não pôde se completar. O motivo? Minha pouca idade.
Mas após uma ou duas horas de espera eu pude entrar. Foram poucas as vezes que sentir meu coração bater tão forte e como todas elas de alguma forma foram esquecidas ou passaram rápido e devagar. Sentei em uma cadeira, fui questionada, falei pouco. Tanto deveria ter-se dito. Tantas coisas, mas falei apenas aquelas que me pareceram interessantes, rápidas. Acho que meu desconforto foi notado, não me fizeram demorar. O diagnóstico foi preciso. Veio com ele a fala:'Vamos botar um colorido nessa vida'.
Com isso vem o fim.
Sim, o fim desse blog, dessas lembranças tristes, dessas palavras chorosas. Farei outro, claro. Provavelmente haverá muitas palavras tristes ainda, muitas recaídas. Mas a chance de mudar e continuar mudada está mais perto do que nunca. Sim, essa pessoa afetada que vos fala vai finalmente tratar de suas afetações. Não deixarei aqui o endereço para o novo blog. O título 'Esquizofrenia Coletiva' vai ser apagado, é preciso colocar um colorido nessa vida.
'Tá tão preto e branco não é?'
O blog será apagado em breve, obrigada aos que comentaram.