quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Para dar um colorido na vida

Tudo um dia acaba, vai-se embora, desaparece ou simplesmente é esquecido. No meu caso há muitas, inúmeras coisas que desejo serem esquecidas, quase anos inteiros de dor e incompreensão interna. Brigas, inúmeras brigas com espelhos de todos os tipos, da minha casa, das lojas e aqueles que na verdade são janelas. A gente deve esquecer muita coisa para poder continuar, não esquecer mas pelo menos colocar uma 'pá de cal, fechar o livro antes mesmo de virar a página.
Acho que ficou óbvio o motivo deste post. Mais um ano e mais um blog que abandono. Sou assim, uma andarilha virtual, preciso sair por aí distribuindo minhas palavras, recontando minhas histórias, dividindo meus sentimentos. O engraçado é que dividir sentimentos não é muito lá meu forte apesar de eu fazê-lo constantemente. A verdade é que eu não sou apenas uma, sou várias. Sou deprimida, mas conhecida como a pessoa mais engraçada com quem você poderia conversar. 'São as coisas de Deus', diriam minha mãe, minha tia e minha avó. Não sou lá muito crente em Deus, pelo menos no católico, passei muito mal na minha primeira eucaristia e considerei isso um sinal. Acredito nas coisas pela metade pois só assim consigo aceitá-las. Hoje, hoje para mim é um marco, uma nova conquista, algo que eu nunca pensei em começar a fazer não fosse o apoio daquelas mãozinhas juntas de um post distante. Mas, comecemos antes com uma história.

Eu gosto de andar de ônibus, sei que para muitos representa a maior chatice mas para mim não, significa liberdade. Liberdade de ir e vir por uma cidade em que é a minha mas é pouco explorada por mim. Liberdade para fazer as coisas que quero no horário que quero. Não preciso depender de alguém a não ser do motorista. Gosto de sentar em um banco próximo a janela e observar a cidade, gosto principalmente das praças. Tão cheias de árvores e calmas, tão belas. Mas hoje o que me levou ao meu destino, meu separador de águas, foi o carro do meu pai. Cheguei lá. Uma construção bem bonita, um tom de azul pálido e uma arquitetura antiga, aconchegante. Sentei-me em uma das cadeiras, dei meus documentos. Por um instante meu destino não pôde se completar. O motivo? Minha pouca idade.
Mas após uma ou duas horas de espera eu pude entrar. Foram poucas as vezes que sentir meu coração bater tão forte e como todas elas de alguma forma foram esquecidas ou passaram rápido e devagar. Sentei em uma cadeira, fui questionada, falei pouco. Tanto deveria ter-se dito. Tantas coisas, mas falei apenas aquelas que me pareceram interessantes, rápidas. Acho que meu desconforto foi notado, não me fizeram demorar. O diagnóstico foi preciso. Veio com ele a fala:'Vamos botar um colorido nessa vida'.
Com isso vem o fim.
Sim, o fim desse blog, dessas lembranças tristes, dessas palavras chorosas. Farei outro, claro. Provavelmente haverá muitas palavras tristes ainda, muitas recaídas. Mas a chance de mudar e continuar mudada está mais perto do que nunca. Sim, essa pessoa afetada que vos fala vai finalmente tratar de suas afetações. Não deixarei aqui o endereço para o novo blog. O título 'Esquizofrenia Coletiva' vai ser apagado, é preciso colocar um colorido nessa vida.
'Tá tão preto e branco não é?'

O blog será apagado em breve, obrigada aos que comentaram.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Um band-aid na sombrancelha

O ano de 2009 foi bastante sofrido. Sim, estudar por mais se seis horas diárias, estudar no final de semana e no meio da semana. Descansar sim, mas nunca demais para não perder o fôlego. Estudar era a regra e viver uma exceção. Há quem diga que eu sou ingrata por dizer isso. Pois bem, 2009 me serviu para algo, mostrar o quão ingrata eu sou. Um ano intercalado por muitas lágrimas e um tanto de risadas e uma pitada de amor. Um ano que finalmente foi embora e do qual só agora eu comento algo aqui. Não importa, não importa quantos estejam lendo ou quantos comentam. É essa a verdade. Escrevo e sempre escrevi de vazio porque jamais consegui preenchê-lo de outro modo. Querer ser considerada uma escritora pelos meus períodos curtos é bobagem, sonhar demais, mas isso não me deixa parar de imaginar um capa de livro com meu nome ou um blog maior e comentado. A gente tem cabeça e vazio para que? A pessoa afetada que vos fala cansou de ter 'isso é besteira' como resposta aos meus sentimentos e ânsias. Agora enquanto escrevo ainda sinto o ressoar dessa palavrinha irritante. Não importa, a questão mesmo é que em algumas semanas eu serei universitária. Estudarei Direito, acham que algum dia darei uma boa advogada, promotora ou juíza? Quem sabe... mas a coisa mais legal ainda é que eu também vou estudar Biologia,sim, sim senhor. Essa pessoa afetada que vos fala vai ser bacharel (será que tem feminino para isso?) em Direito e Biologia. Em breve meus textos estarão cheios de jargão jurídico e biológico (estranho...), talvez eu fique mais afetada, talvez eu renasça como a louca que seguiu duas carreiras completamente diferentes. Por isso o band-aid na sombracelha, aqui ao invez de rasparem a cabeça, as moças raspam parte da sombrancelha e colocam um band-aid. Já eu não raspei, apenas coloquei um band-aid da florzinha, o qual joguei de raiva no chão de uma longa avenida... mas isso é história para ser esquecida ou pelo menos colocada de lado por algum tempo.
Bem, sem mais delongas. Coloco a mão no peito e grito de forma muda:
"Sou duplo-universitária!"

domingo, 10 de janeiro de 2010

Elephant gun

~ If was young I'd flee this town I'd paint my dreams underground...


Eu quero abraçar o mundo. Abraçar e dançar com ele, docemente, alegremente, apaixonadamente. É nessa inconstância de sentimentos que eu me deleito. Quero gozar prazeres nunca antes experimentados. Deixe-me dançar, ser livre. Quero uma saia bem longa e rodada,com muitos babados para dançar e dançar. Quero meus cabelos soltos ao vento, com cachos de mola a oscilar. Deixe-me amar. Quero beijar até perder o fôlego e fazer amor até perder as forças. Quero me sentir humana e amada, sentir esse amor dentro de mim crescer e transbordar por todos os meus poros e inundar tudo ao meu redor. Quero gargalhar até chorar, abraçar até sufocar. Vamos, me abrace. Compartilhe comigo esse sentimento doce, tão doce. Vamos rodar, vamos rodar comigo de mãos dadas. Não tenha medo de ficar tonto, não vou soltá-lo. Venha rir comigo, sentir a grama nos pés. Sentir o ar nos pulmões e a vida pulsar em meu coração. Como ignorar esse sentimento pulsante, anestesiante, avassalador. Vamos cantar com os anjos e dançar com as fadas. Não consigo parar, de repente tomou conta de mim. Esse sentimento tão delicioso, tão gostoso. Está transbordando, transbordando. Quero rir, deixe-me dançar, quero pular, quero voar, alcançar as estrelas e poder sussurrar meus pedidos para elas.

Vejo-me deitada na areia da praia, acordando de um sono delicioso. Sentindo o aroma do mar, a areia em meu corpo. Vejo-me sorrir para o mundo, vejo-me com uma longa saia. A natureza me acordou e está na hora da fazer a minha parte. Dançar e dançar sem nunca parar. Com os braços voltados para o céu eu saúdo o infinito e deixo-o tomar conta de mim. É esse amor pulsante que me faz dançar, me faz rodar a minha saia e oscilar meus cachos. Como negá-lo, como dizer não a ele? Vem, vem comigo. Não, não consigo parar, não me faça parar, dance na mesma melodia que eu.

Vem, vem comigo...



sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Não deixo você brincar


Então é assim. Véspera de ano novo, uma praça, pessoas reunidas, clima frio. As pessoas se sentam para esperar o show, conversam, bebem, comem. E entre essas inúmeras pessoas existe uma menina. Diferente das outras crianças, ela está sentada de braços cruzados e com um olhar triste. Vestida de branco, com os cabelos presos em um coque ela mais parece um anjinho. Para completar ela tem lindos olhos vivos, cabelos castanhos escuros e a pele clara.

Mas a questão é: véspera de ano novo e ela tão triste assim. De bracinhos cruzados ela observa as crianças brincando em uma área central, onde ficaria o público para o show. Ela observa, observa e mais uma vez pede para a mãe:'Deixa eu brincar?' "Não!' 'Mas brincar é bom...' 'Já disse que não!'. Então a menininha fica aflita, triste, prestes a chorar. Do lado dela, não muito distante está uma outra menina, mais crescida porém. Ela não parecia estar lá tão feliz, mas aquilo tudo teria sido fruto de um ano cheio de coisas não muito felizes. Ela estava com um vestido verde, meia calça preta e tinha os cabelos presos com uma presilha. Observava, tão anguistada quanto, a menininha pedindo incasavelmente a permissão da mãe para ir brincar. Cada vez essa permissão lhe era negada com mais rudeza e ambos corações se angustiavam. O da menina por ver suas colegas brincarem, por já ter chamado uma delas e a mesma não querer ir. O da menina grande pelo simples fato de ver a semelhança entre duas meninas tão distintas. Aí vinha uma vontade de falar com a mãe, que diga-se de passagem mais parecia a bruxa má. Dizer que aquele reveillon presa ficaria para sempre na memória dela e que mais tarde ela iria descontar aquilo em outro lugar, para ter a alegria de brincar como não brincou. Dizer que menina presa não dá certo não, que é que nem areia em mão cerrada, acha lugar para escapolir. E quando escapole não volta mais, ou volta machucada, magoada. Dizer que a prisão de hoje pode ser da mãe mas a de amanhã pode ser por um marido que prometeu liberade e depois tirou. Dizer do primeiro beijo escondido e da perca da virgindade doída que marcavam tanto essa falta de liberdade, essa vontade de sentir o vento lá fora e a vontade de quebrar as barreiras.

A menina então foi brincar e a menina grande se sentiu feliz, finalmente ambas poderiam descansar. Mas logo a bruxa má chamou, chamou várias vezes e de forma tão rude. Quando a menininha chegou além de uma bronca tomou um tapa. Céus, pobre garotinha. Quando for maior vai tomar tapas maiores, ter dores maiores e mágoas piores. E a angústia ia crescendo e o ano escorrendo.

Foi quando ela não viu mais a garotinha ao seu redor. Procurou e não viu, imaginou-a triste tirando sua roupinha de reveillon e indo dormir sem nem ver os fogos, tão bonitos os fogos da passagem, coloridos e barulhentos que só eles...

E foi aí que a menina grande entendeu. Aquela menina que um dia fora já não mais voltaria, não adiantava lembrar, não adiantava querer salvar outras meninas. Quem sabe se aquela fosse salva ali, naquele momento, talvez ela não desse tanto valor e não fosse uma boa menina. Era preciso torna-se borboleta e para isso o casulo tem que ficar lá naquela folha distante. Não adianta voltar e tentar caber nele, a forma muda, muda mesmo e aí não tem jeito mais. O jeito é aprender com aquela menininha mas só de vez em quando. Deixá-la no passado é necessário, é preciso voar e sentir a liberdade que chega. Então o ano chegou e veio uma vontade louca de chorar, mas os fogos foram bonitos... e a meninha que não viu... haverá outros reveillons, outras chances, outras barreiras.

E que ambas menininhas, a grande e a pequena, tenham uma existência melhor. As barreiras serão mais difíceis mas talvez haja mais força.

E a menininha grande deve enfim virar mulher.


Olá, 2010.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Último dia do ano

Só mais um título clichê para que não passe em branco. Não tenho muito para dizer, estou na serra, deliciando-me com a natureza. Estou a meio passo de ser bióloga, me aguardem.
Um feliz ano novo
E dessa vez, não ofereço nada para 2010

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Teoria da Relatividade

Proposta por Eistein em alguma década do século passado, essa teoria serviu para muitas outras coisas. Nela surge outra dimensão, a do tempo. Variável assim como a massa e o comprimento dos objetos desde que um deles tenha velocidade comparável a da luz. Sim, a explicação está péssima e qualquer físico de beco iria brigar comigo por dar uma explicação tão ridícula. Mas o que eu quero falar não é sobre essa teoria. Não exatamente.

Para entendê-la é preciso abrir a mente. Sim, abrir a mente e esquecer que as coisas são fixas e imutáveis. Quando na velocidade da luz, tudo muda. O tempo dilata, assim como o comprimento. Massa se transforma em energia e vice-versa. O universo é o limite. Não é tão fácil compreender quando se tem uma mente fechada, uma mente cujo limite de velocidade é de no máximo 300km/h, para essa mente, tal velocidade é extremamente rápida e praticamente inalcansável. Para uma mente tão limitada, jamais um corpo poderia aumentar ou diminuir de tamanho. Mentes limitadas são um atraso. Elas atrasam a ciência, a sociedade, as relações. Estranho pensar assim? Não mesmo. Entender a relatividade é simplesmente saber que tudo é relativo. E tudo realmente é relativo. Para compreendê-la é preciso se desprender de tudo, abrir a mente e deixar-se viajar. Se mais mentes fossem abertas assim, garanto que o mundo seria um lugar melhor, mais habitável. Se mais pessoas fossem capazes de deixar-se levar, desprender-se de tabus e amarras toscas, tentar colocar-se no referencial do outro... caramba, seria um mundo bem legal de se viver.

Por isso aqui fica a minha mensagem de Natal, Ano Novo ou qualquer coisa que outras pessoas comemorem como rito de passagem:

Abram a mente, desamarrem-se, mudem de referencial. A velocidade da luz é para todos, mas nem todos são para a velocidade da luz. Para pertencer a esse grupo é só deixar-se liberar.

Vamos lá, esqueçam as amarras!